Vale Europeu - Santa Catarina

Postado por: Arestides Porangaba | 18/01/2018

CICLOTURISMO

“Cicloturismo é pedalar, é aventurar-se, é divertir-se melhor se conhecendo e descobrindo o desconhecido”

Arestides Porangaba

 

Inauguro o Bikeando Alhures relatando minha experiência vivenciada em setembro/2017, quando cicloturistei pelo Vale Europeu, Santa Catarina. Depois de postergar por várias vezes esta experiência, fiz parte de um grupo de amigos e companheiros ciclistas e fomos curtir o Vale.

Buscando criar um estilo próprio para relatar minhas experiências, quando em viagens ciclísticas, procurarei compartilhar informações que entendo úteis para os futuros cicloturistas em viagem.

PRELIMINARES

Decidido a participar da aventura, com as datas de ida e volta já definidas, só tive o trabalho de adquirir passagens aéreas e arrumar meus alforjes. Após contatos com os demais companheiros obtive autorização para providenciar reservas nas hospedarias sugeridas pelo site oficial do circuito.

Os preparativos não consumiram muito tempo pois as experiências anteriormente vivenciadas em cicloviagens me ajudaram a agilizar as arrumações.

Em qualquer viagem ciclística o planejamento é algo muito importante, não importando a sua distância. Viajar de bicicleta, cada peso que a gente carrega ou deixa de carregar importa diretamente no nosso rendimento. Os macetes que adquirimos com nossas experiências sugerem levar o “extremamente essencial”. Neste caso especifico o essencial depende sempre do caminho/destino e de nossas necessidades.

Manutenção completa na magrela, bagageiro instalado, alforjes arrumados, ferramentas necessárias para eventualidades, kits de higiene e de primeiros socorros...tudo pronto. Aliás... vale relembrar: passagens, seguro de viagem e reservas nas hospedarias.

PARTICIPANTES DA AVENTURA VALE EUROPEU

·   Arestides Porangaba

·   Giovanna Buarque

·   Luiz Cláudio Albuquerque

·   Nilo Rosalvo

·   Paulo Pinto

 

A VIAGEM

Por opção do grupo fizemos o percurso aéreo Maceió – São Paulo  Navegantes. De Navegantes não fomos para Timbó – início oficial do circuito. De ônibus fomos diretamente para Blumenau e de lá é que iriamos de bicicleta para Timbó no dia seguinte. O negócio era curtir ainda mais o caminho de bicicleta.

Instalados e “jantados” fomos descansar para iniciarmos no dia seguinte nossa cicloviagem Circuito Vale Europeu.

Iniciamos nossa pedalada pela manhã do dia 05 de setembro de 2017, saindo de Blumenau – percorremos alguns pontos turísticos da cidade incluindo o local onde é realizada a Oktoberfest e seguimos o roteiro já determinado que inclui Timbó – Pomerode Indaial – Rodeio – Dr. Pedrinho – Alto Cedros – Palmeiras e novamente Timbó.

Chegando em Timbó o grupo foi cumprir exigências dos organizadores. O cicloturista deve fazer sua inscrição em estabelecimentos credenciados e receber um guia com mapas, planilhas de orientação e todas as demais informações relativas à segurança necessárias a realização de uma viagem sem maiores problemas. Neste momento se recebe também o Passaporte que deve ser carimbado em hotéis, pousadas, hostels e outros estabelecimentos turísticos credenciados, comprovando a passagem do cicloturista. Ao final do circuito se recebe o Certificado de Conclusão do Circuito.

No dia 06 de setembro, após um café da manhã maravilhoso no Corre Mundo Hostel iniciamos oficialmente o percurso saindo do Thapyoka Restaurante.

O DESTINO

O Vale Europeu está localizado no médio vale de Itajaí e é constituído por 9 municípios – Apiúna, Ascurra, Benedito Novo, Doutor Pedrinho, Indaial, Pomerode, Rio dos Cedros, Rodeio e Timbó. Fica no centro norte de Santa Catarina, com acesso através de vias estaduais e federais – BR 101 e BR 470.

A região foi e ainda é grandemente influenciada pela forte presença da cultura europeia (alemães, italianos, austríacos, poloneses e também portugueses) manifestada noshábitos e tradições da população. A imigração, inicialmente alemã, seguida da italiana é observada na arquitetura, na gastronomia, na música, na cultura e nos esportes.

O Vale europeu também ficou famoso por sediar a maior festa alemã das américas, o Oktoberfest de Blumenau.

A região é rica em paisagens muito bonitas e uma natureza ainda muita preservada. Possui a maior concentração de nascentes do Brasil.

O CAMINHO

Desde sua inauguração o Circuito Vale Europeu tem o trajeto circular com início em Timbó, cidade com cerca de 40 mil habitantes, passando sucessivamente por Pomerode, Indaial, Ascurra, Apiúna, Rodeio, benedito Novo, Doutor Pedrinho, Alto Cedro, Palmeiras e novamente Timbó.

O percurso é muito bonito variando trechos em sua maior parte de terra e barro batido. Altimetria bastante variada com ladeiras pesadas e muito pesadas e algumas descidas brutas e perigosas em função do terreno bastante irregular.

A exemplo do Caminho de Santiago de Compostela (Espanha) o percurso é totalmente sinalizado com uma “flecha amarela” orientando a direção a ser seguida, pintada em árvores, postes, muros e até no próprio piso de terra batida. Tal procedimento, aliado as placas orientadoras do circuito distribuídas pelas pequenas cidades e povoados, torna a viagem segura. Não há possibilidade do ciclista se perder, mesmo estando sozinho.

A maior parte do trajeto é feita em estradas de terra batida que interligam as cidades e povoados. Estas estradas, no geral, ficam dentro das matas, possibilitando se curtir mais ainda a natureza, as dezenas de nascentes, riachos, rios e as muitas cachoeiras de águas transparente e geladas, proporcionando banhos reconfortantes. A região também é conhecida como Vale das Cachoeiras, a exemplo da Cachoeira do Baú com seus 35 metros de queda livre.

Fizemos o caminho em 7 dias, percorrendo cerca de 300 km, pedalando por estradas secundárias, muitas ladeiras e muitas descidas, permeando matas e áreas rurais, de conformidade com o programado. Indescritíveis são as paisagens, matas fechadas, rebanhos de gado de raça, de carneiros, culturas intermináveis de arroz alagado, jardins coloridos das casas coloniais de madeira, pontes de madeira coberta sobre riachos de aguas cristalinas (para proteger o piso de madeira das chuvas).

Em praticamente todo o percurso chamou atenção de todos nós a quantidade e variedade de pássaros soltos nas árvores e arbustos nas beiras das estradas. Observei particularmente a enorme quantidade de “canários da terra” soltos, fazendo todos nós escutarmos seu lindo estalar.

Vale registrar a relativa dificuldade em encontrar em grande parte do percurso, estabelecimentos que comercializem itens alimentícios e bebidas para lanches do ciclista. É aconselhável que os ciclistas não se descuidem deste fato e levem seus lanches. Chegamos em alguns locais na hora de almoçar e não encontramos restaurantes nem lanchonetes.

HOSPEDAGENS

As experiências vivenciadas em todas as cicloviagens que fiz me asseguram uma certeza: a hospedagem é ponto importante para o conforto de quem faz cicloturismo.  Depois de um dia pedalando o ciclista quer um bom banho e uma boa cama para repousar e seguir no dia seguinte. Este será um “capitulo” que não irá faltar em meus relatórios de viagens com o objetivo de alertar os futuros “cicloviajantes”.

Os tipos de hospedagens irão sempre variar em função de alguns fatores determinantes: localidade, disponibilidade e poder aquisitivo de cada ciclista. Não se pode descartar a possibilidade de se utilizar campings.

No nosso caso específico fiz reservas após pesquisar as opções ofertadas pela site oficial: Timbó (Corre Mundo Hostel), Pomerode (Pomerode Agradável 4), Indaial (Hotel Indaial), Ascurra (Pousada Nona Rosina), Doutor Pedrinho (Dona Hilda Hotel).  Exceto para Alto Cedros (Pausada Família Duwe) e Palmeiras Mercado Palmeiras).

Com padrões qualitativos diferenciados, certamente em função de suas localizações e situações econômicas, as acomodações foram limpas e aconchegantes. Os banhos muito gostosos, com águas tão quentes que chegavam a “massagear” nosso corpo cansado e doido depois de um dia de pedal punk.

Com raras exceções, os cafés matutinos foram sempre muito gostosos e fartos: café, leite, frutas, geleias, sucos, iogurtes, ovos, pães, queijos, etc.

Outra informação também importante, nos dias atuais, o sinal de internet – wi-fi variava muito sua qualidade de um estabelecimento para outro.

Vale registrar a receptividade dos empresários hoteleiros e a forma sempre simpática e agradável que éramos recebidos.

Autor do post

Arestides Porangaba

http://www.bikeandoalhures.com.br

78 anos, Consultor Empresarial em atividade, apaixonado pela Magrela e Criador do Blog Bikeando Alhures.